quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A Deus


Não há o que ser feito:
A Primavera chegou.
Com ela o embuste das flores que se estadeiam provisoriamente
As calhordas elites que se foram no derradeiro período e,
Agora, recuam na tentativa de absolvição pela ausência.
 
Arreee...
Detesto as estações com a mesma pujança qual
Tenho reverência pelos superlativos, advérbios e pelo Alerce da patagônia.
Solitariamente, Insisto na ininterrupção do período.
E trago demasias para este mundo que nos abona e logo decepa, faz cremar
As floreias temporárias de Setembro
Mundo exaustivo, desonesto...
Reflito haver um quê de sadismo
Nos desgostos tantos, e tanto, e consecutivamente
Que me levam ao ateísmo ainda que transitório
Tal qual as flores de Outubro.
Queria poder saber da instituição florida
Das ramblas expurgas, das carreiras pairas,
Da vida comprida, da saúde adequada...
 
Arre...
Que zotismo é o mês de Novembro.
As flores se abrigam com feição de proprietárias
Entretanto os últimos anos despontaram ser falsidade!
Flores repugnantes, mentirosas, funestas:
Nascem e, se vão...
Sem licença nem Adeus:
Misericórdia Gardênias,
Azaléias, Gloriosas
Ísis e Rosas...
Clemência Amarílis,
Angélicas, Frésias,
Margaridas e Tulipas!
 
Arre...
Suplico que não mais se estabeleçam nestas condições efêmeras
Sejam ou dissipem-se deste teto de infortúnios suficientes
Custados por suas promessas de afirmação!
Pelo encanto de vossas aparências tão indesculpavelmente perfeitas,
Tanto conexas ao paraíso anuncia-se este lar de desgraças quando
Em seu florescer que o busto respira...
Na mesma medida em que obstrui sua função
Ao seu desmatamento, de pétalas mortas e mortais
Impedindo a passagem dos fenecidos
De modo a aparentar – mais – ser definitivo
A condição de não mais se existir.
Adeus!

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Poeminha


Vou exorar alvará para amar-te,

Assim de atitude súbita e peremptória

Amar-te bem amadinho,

A exonerar por toda minha trajetória

Amar-te com concordata e carinho

De um contíguo amor servil

Até morrer de amar-te o bastante,

Tão-só se houver ciência pedante

De saber que este amor lhe serviu.


Luiz Felipe Angulo Filho

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Se eu soubesse

Ah, se eu soubesse deste amor irrazoável e imediato o qual lhe dedico
O sobrepor de uma exagerada realidade obsta o sentido, desvia o olhar...
Por aparência os enleios vitais evidenciam a existência de necessidades maiores,
Que a mesma vida obstrui, mas o amor é tanto e o quando é um tempo só.
As intempéries de uma vivência abastada de luxúrias trazem problemas oculares e cardíacos
O órgão resiste com aptidão por função, entretanto apenas vive quando no anseio.
Se eu soubesse...
Este amor internado, diagnosticado como máximo esquiva-se por defeito do amante
Os resíduos ópticos e cardiológicos adaptam-se com o costume de aparelhos
A esta altura o amor dissemina-se pela temporada e entope cavidades cujo aspecto era cavo.
O amor estoura a sanidade e recupera as funções motoras do corpo tornando-as aleatórias
Eis que o coração se ajusta e os olhos perdem integralmente o emprego
O amor se instaura com a gravidade de um parto, os sentidos outros subordinam-se
E o amor se estabelece.
Se eu soubesse...
Se eu soubesse cometeria a penalidade de impedir o arrebatamento da chegada da ternura!
Se fosse possível impedir a sobreposição de misérias privilegiando o amor total
Haveria diluição e o enlevo inexistiria! O amor seria descrito em partes pequenas, como quem o reduz
E os rebentos conservar-se-iam em plena cátedra.
Se eu soubesse, enfim, repetiria o fingimento.
Exibiria este amor em arroubo incondicional o qual, hoje, explico em poesia.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Prosa da Lamentação

Altíssimo, alcança envidar esta angústia de querer amor
Olor de cânforas precipitados pelas cincas triviais
Se os desgostos que temos são coisas normais
Faça-nos supremos ao trazerdes um olhar acolhedor
O supor da lembrança acerba de já ter um dia vivido,
E colhido alegrias do chão.
Alternas entre paz e amargura,
A dura vocação pelo amor.
Meu Deus...
Os sorrisos nasceram de pouco sem o esplendor dos caprichos
E os bichos nos ensinam a ser,
Os humanos exageram nas culpas e os atingidos se põem a doer
Esta dor toda e a de saudades do lícito
Indigentes os que criam mentiras dispostos por invadir
Algo que a verdade não possa e se faz explícito
O porquê existir os desencontros capazes de nos empobrecer
E a razão é aguda ao notar que os carentes que se fazem d´outros
Poucos, ou nenhum, têm espaço permanente
E sentem que têm muito, somente, a perder

Luiz Felipe Angulo Filho

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Se acaso fosses...

Se fugiste à desdita consorte,
Se com sorte saístes assim
Optara por alameda vazia,
Sem nenhuma poesia inventada por mim

Se não soluças meus lamentos noturnos,
E em minha vida diurna não choras por ela
Tu não choras por nada que valha,
Mas manténs a medalha de ter minha tutela

Se não renuncias nossos dias de riso,
Pesquiso se ainda há coração
No meu peito duram veias aflitas
E excitas meu resto de inspiração

Se não crias poesias movidas,
Se poesias tu não podes criar
Então, solte, eu escrevo sozinho
E penso baixinho pra ninguém escutar.

Luiz Felipe Angulo Filho

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Bom dia aos dias

Bom dia porque o dia é bom!
E disto não se contesta;
Se por algo o dia não for, durma
e amanhã lhe refaço a promessa.

Luiz Felipe Angulo Filho

terça-feira, 10 de maio de 2011

A contrario sensu

Eu amo porque é o que noto
e esta lástima me escolta
Quero teu namoro, ser eu de novo
A coisa que a ti importa


Anômalo faz-se o escoltar
o colóquio de seu desvelo
Habitual são as insídias, celeumas
que nos trairdes o canteiro

Se o instante, caso o tempo
se o começo, caso o fim
pretendo irrevogável que saibas
o quão, sempre, a almejo em mim


Alcanço que devasto,
este plácido período de apreço
Ocorres que meu mal é a poesia,
enquanto o seu mal desconheço.

Luiz Felipe Angulo Filho